“A ABI é uma entidade apartidária – mas, desta vez, não vai ficar imparcial”, declarou Octávio Costa.
Do alto de seus 114 anos de história, a tradicional ABI (Associação Brasileira de Imprensa) está sob nova direção. Uma reunião extraordinária de seu Conselho Deliberativo, na última sexta-feira (13), na sede da entidade – a Casa do Jornalista, no Rio de Janeiro –, deu posse aos dirigentes eleitos com 58% dos votos no pleito de 29 de abril. A diretoria será encabeçada pelo presidente Octávio Costa e por sua vice, Regina Pimenta.
Em seu discurso de posse, Costa ressaltou que as ameaças impostas pelo governo Jair Bolsonaro exigem um posicionamento firme e aberto da ABI, com apoio à pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República nas eleições 2022. “A luta pela democracia é a alma da entidade e será colocada à prova neste ano. A ABI é uma entidade apartidária – mas, desta vez, não vai ficar imparcial”, anunciou o novo presidente.
Ele lembrou o histórico progressista da Associação Brasileira de Imprensa, que teve papel ativo na resistência à ditadura, no Fora Collor e em outras mobilizações nacionais. Desta vez, ante o risco representado pelo bolsonarismo, a ABI volta a se posicionar claramente: “Estaremos ao lado do povo brasileiro e do ex-presidente Lula na luta para derrotar o governo fascista de Bolsonaro”, afirmou Costa.
Aprovar uma Lei de Meios e apoiar a volta da exigência do diploma para o exercício do jornalismo também serão bandeiras da entidade. Para a vice-presidenta Regina Pimenta, a ABI tem, ainda, a missão de se nacionalizar, com bases em mais estados, “para fortalecer a entidade”, além de “encontrar formas de atrair mais jovens”.
Nomes como Ancelmo Gois, José Trajano e Tereza Cruvinel integram o Conselho Consultivo eleito junto à nova diretoria. Já o Conselho Fiscal conta, agora, com José Paulo Kupfer, Luis Nassif, Luiz Gonzaga Belluzzo e outros representantes da imprensa nacional.
Na opinião do editor internacional do Brasil 247 e dirigente nacional do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, o reencontro da ABI com sua própria trajetória é um dos desafios da gestão. Um dos membros efetivos da nova direção, ele diz que a ABI abre “uma nova página em sua centenária história de lutas pela liberdade de expressão e o Estado democrático de direito no País”.
“A tradicional Casa dos Jornalistas volta a se abrir aos associados, à comunidade de jornalistas do país e às forças democráticas”, afirmou José Reinaldo em sua coluna no Brasil 247. O compromisso da nova diretoria é “adensar o combate pela liberdade de expressão, a democracia e o fim do governo de extrema-direita”.
“O Movimento ABI Luta pela Democracia se mostrou uma corrente de pensamento e ação democrática, acolhedora, agregadora, coletiva e representativa. Por isso foi capaz de mobilizar o apoio de centenas de jornalistas que fizeram uma campanha empolgante”, afirma José Reinaldo, exaltando a chapa vitoriosa na eleição de abril. “A unidade e a visão ampla são indispensáveis para a ABI alcançar seus grandiosos objetivos.”
Fonte: O Vermelho