A reforma agrária no Brasil sempre foi um problema crônico do estado, que se arrasta desde o final do século XX, não se firmou como uma política prioritária para os últimos governos e invariavelmente ela acaba acontecendo exclusivamente por intermédio da pressão exercida pelos movimentos sociais.
Na tarde de ontem foi possível verificar de perto a resiliência e o idealismo presente em um acampamento do movimento pertencente à União Nacional Camponesa situado em Caçapava as margens da Rodovia Presidente Dutra, na altura do quilometro 120.
Ao chegarmos ao acampamento fomos recebidos pelo Sr Francisco que nos mostrou toda a área, fez questão de relatar que já está a 20 anos na luta pela terra e que o seu ideal assim como o de cada um dos integrantes daquele acampamento é de chamar a atenção do estado para que este possa olhar de uma maneira mais justa e igualitária para os mais necessitados e que a terra possa continuar sendo um fator gerador de riquezas, mas que também possa ser um fator gerador de igualdade e de dignidade.
Por falar em dignidade, foi possível presenciar algumas crianças no local e que segundo o Sr Francisco ele tem feito imensuráveis esforços para conseguir mantê-las na escola, uma vez que no local não passa nenhum tipo de Transporte Escolar. Segundo ele, as entidades públicas que poderiam promover algum tipo de ajuda, seja relacionada à educação ou à saúde simplesmente não se fazem presente naquele local e quando o fazem, ocorre de forma superficial. O mais surpreendente de toda essa história de luta e abnegação pela qual passa cada um ali presente, é o fato de que em momento algum vimos sinais de fraqueza ou sequer um mero sinal de desistência, pelo contrário, o que vimos ali foram pessoas aguerridas, que apesar de enfrentar as mais variadas dificuldades e diariamente flertarem com o risco à suas vidas continuam firmes e fortes no propósito de um país igualitário onde a terra possa ser sinônimo de qualidade de vida e dignidade para todos.
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