Aumento na tarifa de eletricidade ocorre em meio a desemprego recorde

Medida foi inserida na Lei sobre Tarifa Social de Energia, que prevê descontos de 65% nas contas de luz. Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Deputados criticam elevação da bandeira tarifária que torna a conta de luz 6,78% mais cara para as famílias. Aumento também terá impacto para pequenas indústrias, que mal conseguem recuperar perdas acumuladas na pandemia.

A conta de luz ficou mais cara para os brasileiros a partir desta quarta-feira, 1º de setembro. Em média, a conta de luz vai ficar 6,78% mais cara para os consumidores residenciais, que já enfrentam o desemprego recorde e uma escalada generalizada dos preços nos itens de consumo essenciais às famílias.

A taxa de desemprego se mantém acima de 14% no segundo trimestre do ano, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (31).

Esse aumento é resultado da criação de uma taxa extra na conta de luz, batizada de “bandeira escassez hídrica”, que vai gerar um aumento de 49,63% no valor cobrado na bandeira vermelha nível 2. Com isso, o aumento da energia para o consumidor passará de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 14,20 e vai até abril do ano que vem.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), considerou “inaceitável” que a taxa extra da energia elétrica tenha nova elevação. “Será um desastre na economia já fragilizada”, observou o parlamentar.

No início de junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) começou a aplicar nas contas de luz a tarifa mais cara do sistema, que representava então uma cobrança adicional de R$ 6,24. No fim do mês, a tarifa sofreu reajuste de 52% e a cobrança passou para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos. Agora, sob pressão do presidente Jair Bolsonaro, a agência resolveu criar uma nova bandeira tarifária.

“O governo Bolsonaro está acabando com a vida dos brasileiros. O povo não aguenta mais os sucessivos aumentos da fatura da eletricidade”, protestou Calheiros.

Segundo o líder do PCdoB, além de entregar o patrimônio nacional, o governo federal permanece paralisado com uma política econômica equivocada. “O ministro Paulo Guedes (Economia) só faz piada e demonstra insensibilidade com a carestia das famílias brasileiras”, criticou.

“Aumentos no preço da gasolina, inflação dos alimentos e crise da energia. É lamentável que o consumidor brasileiro esteja sendo fortemente prejudicado com a crise econômica no país. O custo da cesta básica, por exemplo, já aumentou em pelo menos 15 capitais nos últimos meses”, acrescentou o parlamentar.

Os aumentos da energia elétrica, que já subiu 20,1% nos últimos 12 meses, além dos combustíveis, estão entre os principais impulsionadores da inflação galopante deste ano.

Tarifaço

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também criticou o descontrole dos preços, que aumenta o arrocho no orçamento das famílias brasileiras. “Não satisfeito com o aumento do preço do gás de cozinha, do combustível, dos alimentos, a energia também vai subir a partir de hoje. O Brasil atravessa uma crise hídrica, política, econômica e sanitária”, escreveu em uma rede social.

Para o deputado Rubens Jr. (PCdoB-MA), a gestão do governo federal está “um caos generalizado”. “Bolsonaro entrou na fase do negacionismo elétrico. Apagão à frente”, pontuou.

De acordo com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a incompetência de Bolsonaro “vai fazer com que os brasileiros paguem a conta para tentar evitar o apagão”. “O mesmo governo que suspendeu o horário de verão pede para que aproveitemos a luz natural para economizarmos energia”, lembrou.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) usou o Twitter para registrar repúdio: “Conta de luz + cara. Não é falta de chuva, é falta de planejamento, é  incompetência mesmo! Bandeira é mais grave que a vermelha 2 e adicionará R$ 14,20 nas faturas a cada 100 kWh consumidos. Alta é de 49,63% em relação aos R$ 9,49 pagos atualmente”.

Fonte: O Vermelho