Dos 54 milhões de brasileiros carentes que podem – e precisam – receber o auxílio, a Caixa vai pagar apenas 2,5 milhões.
A Caixa Econômica começa a pagar, nesta quinta-feira (9), o auxílio emergencial de R$ 600 em contas. Mas o anúncio – que aparentemente merecia comemoração – vem cercado de armadilhas do governo Jair Bolsonaro. Não bastasse a demora de dez dias em garantir que essa renda mínima e temporária chegasse aos bolsos dos mais necessitados, apenas 4,7% dos beneficiários serão pagos na primeira etapa.
O auxílio será pago por três meses para minimizar os impactos econômicos da crise do coronavírus nas famílias em situação de vulnerabilidade. Trata-se de uma importante conquista dos partidos da oposição e dos movimentos sociais.
Depois que Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes (Economia) sugeriram uma ajuda de apenas R$ 200 por mês às famílias mais vulneráveis, a luta da oposição, com o apoio do conjunto do Congresso, garantiu que o valor mínimo fosse triplicado. Agora, nos casos mais graves, uma família pode ter dois beneficiários. Além disso, mães que sustentam a família receberão R$ 1.200.
O projeto, aprovado na Câmara e no Senado, podia ser sancionado pelo presidente desde 30 de março. Bolsonaro só assinou a lei dois dias depois e, ainda assim, não formalizou a data para o pagamento. Boa parte dos beneficiários está sem renda há mais de três semanas – ou seja, já tem dificuldades para arcar com os gastos básicos da família.
Segundo o governo, 54 milhões de pessoas preenchem os requisitos para receber o auxílio emergencial. Com a burocracia imposta pelo governo, metade desse contingente conseguiu se cadastrar, até agora, nos sistemas da Caixa Econômica. A gestão Bolsonaro ainda não tem respostas para os mais de 10 milhões de brasileiros que, sem acesso à internet, não podem efetivar o cadastro.
Para piorar, o governo quer fazer o repasse de forma lenta e fracionada. Nesta quinta-feira, dos 54 milhões de brasileiros carentes que podem – e precisam – receber o auxílio, a Caixa vai pagar apenas 2,5 milhões (ou 4,7% do total). Serão contemplados, nessa primeira etapa, apenas uma parte dos clientes da própria Caixa (2,1 milhões de pessoas) e do Banco do Brasil (436 mil).
A segunda etapa está prevista para terça-feira (14) e deve contemplar 3,1 milhões de brasileiros – outra demonstração da negligência bolsonarista. Mais de duas semanas após o Congresso entregar o projeto do auxílio emergencial nas mãos do governo, pouco mais de 10% dos beneficiários terão recebido o valor. Isso se, até lá, não houver mais maldades.
Fonte: O Vermelho