“Bolsonaro tem feito coisas tão absurdas, que é possível que ele tenha aumentado a propensão a votar no Lula de pessoas que não necessariamente são simpatizantes do PT”, diz dono do Vox Populi.
A dois meses das eleições 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu fazer “absolutamente nada” para mudar o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, cresce a possibilidade de a disputa eleitoral terminar já no primeiro turno, diz o cientista político Marcos Coimbra, dono do Vox Populi e especialista em pesquisas eleitorais.
“Lula tem chance de derrotar um dos principais expoentes da autocracia de direita que surgiram no mundo. Será uma vitória histórica”, afirma Coimbra, que, nesta semana, foi entrevistado no portal GGN e na Revista Brasil TVT. Aos dois veículos, ele ressaltou que Bolsonaro não tem mais “coelhos na cartola” para ser reeleito, deixando Lula mais perto de vencer a eleição em um único turno. “Tudo que eles fazem não mudem o padrão de voto. As chances de vitória de Lula no primeiro turno se mantêm.”
Conforme lembra o GGN, “Bolsonaro já comprou o Centrão com orçamento secreto, aprovou uma PEC para ampliar os gastos sociais, estendeu e aumentou o valor do auxílio emergencial”. Apesar do desespero, o presidente “continua atrás de Lula em todas as pesquisas feitas por institutos responsáveis”. Levantamento do instituto Datafolha, por exemplo, mostra que o petista, hoje com 47% das intenções de voto, venceria já no primeiro turno. Bolsonaro não passa de 29%.
Para boa parte dos eleitores, a “gota d’água” em relação a Bolsonaro foi a reunião com embaixadores em julho, na qual o presidente atacou, se provas, as urnas eletrônicas e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). “Bolsonaro tem feito coisas tão absurdas, que é possível que ele tenha aumentado a propensão a votar no Lula de pessoas que não necessariamente são simpatizantes do PT. É só ver a reação que provocou após esse circo lamentável que ele arrumou com os embaixadores.”
A aposta de Coimbra é que, sem a reeleição do presidente, “o bolsonarismo deve começar a refluir” – e Bolsonaro “passará a perder o posto de líder da direita no Brasil, adquirido nos últimos anos”. De acordo com o cientista político, “que haverá uma direita organizada (em 2023), haverá – mas não com Bolsonaro”.
O que falta, então, para que Lula consiga viabilizar, já no primeiro turno, sua terceira vitória em uma eleição presidencial? Para Coimbra, eleitores que declaram voto, hoje, na terceira via ainda podem migrar, em função do “voto útil” – aquele definido de última hora.
É o caso dos brasileiros que declaram voto, atualmente, no ex-ministro Ciro Gomes. De acordo com o Datafolha, apenas 34% desses eleitores se dizem definitivamente decididos, enquanto 65% admitem que podem mudar de presidenciável. “Mais da metade do eleitorado de Ciro, com esses 8 pontos que ele tem, não tem certeza se vai ficar com ele. Dali pode sair o grande fator”, afirma Coimbra. “Mas não é só dali. Ainda há uma parcela do eleitorado de outros candidatos que também está pensando nisso.”
Fonte: O Vermelho