“Trata-se de mais uma fake news do candidato, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto”, disse a Federação Única dos Petroleiros.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade autônoma, afirmou nesta sexta-feira (21) que a Petrobrás “nunca chegou a ter dívida de R$ 900 bilhões, embora a vistosa cifra seja amplamente divulgada por Jair Bolsonaro em sua campanha eleitoral”. “Trata-se de mais uma fake news do candidato, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto”, disse a FUP.
De acordo com a instituição, a dívida da Petrobrás chegou ao máximo em R$ 392 bilhões (dívida líquida ) em 2015. “O aumento da dívida da Petrobrás ocorreu para aumentar os investimentos, entre eles no pré-sal e em refino, sendo hoje responsáveis pela alta produtividade e rentabilidade na extração de petróleo e gás e na produção de gasolina e diesel”, afirmou.
“A Petrobrás se endividou (e ainda se endivida) a juros relativamente baixos”, continuou. “Nos governos Lula, a Petrobrás puxava os investimentos no Brasil, destinando, em média, US$ 21,2 bilhões por ano, o que representava 8,3% dos investimentos do país. No governo Bolsonaro, a Petrobrás tem investido somente US$ 9,2 bilhões por ano – apenas 3,5% dos investimentos no Brasil”.
Durante o período de crescimento da dívida, as agências de classificação de risco consideravam a Petrobrás como grau de investimento. “Somente depois da Lava-jato, iniciada em 2014, que a nota de risco da Petrobrás caiu. Até hoje a empresa não conseguiu retomar o grau de investimento do período das gestões de Lula e Dilma”, disse a FUP.
“Como 89% do endividamento da companhia é em moeda estrangeira, sendo 80% em dólar, quando o real perde valor frente a estas moedas, a dívida da Petrobrás em moeda nacional sobe. Isso aconteceu entre 2014 e 2015, quando a taxa de câmbio cresceu 41%”, complementou.
Cálculos
A FUP disse que “levantamentos detalhados do Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos (Dieese-subseção Federação Única dos Petroleiros) mostraram que a dívida líquida da empresa chegou ao ápice em 2015, atingindo R$ 392 bilhões, após os efeitos da Operação Lava Jato, ainda durante o governo Dilma Rousseff”.
“A dívida líquida leva em conta as disponibilidades e investimentos em títulos governamentais e aplicações financeiras no exterior, com vencimentos superiores a três meses, a partir da data de aplicação, realizados pela Petrobrás. Já a dívida bruta da empresa alcançou seu maior valor também em 2015, R$ 492,8 bilhões. A taxa de câmbio tem grande importância no volume da dívida da Petrobrás”.
Segundo a instituição, “ocorre que, com a descoberta do pré-sal, os Planos de Negócios e Gestão (PNGs) da Petrobrás passaram a apontar maiores volumes de investimentos e financiamentos necessários para tornar possível a produção nestes campos e na construção e adaptação das refinarias”.
Com base no estudo do Dieese, a FUP disse que “como consequência do crescimento da dívida, pressão dos credores e alta dos juros, a Petrobrás passou a desembolsar grandes volumes de recursos para redução do endividamento”.
“Somente entre 2016 e 2021, os valores pagos pela Petrobrás em amortização do principal e juros de sua dívida ultrapassaram R$ 810 bilhões. A Petrobrás sempre teve acesso a grandes volumes de recursos, em todas as vezes que foi aos mercados nacional e internacional buscar financiamento. Mesmo no período em que a dívida da empresa chegou ao seu topo, a empresa continuou conseguindo novos empréstimos”, continuou.
Segundo a FUP, a pesquisa do Dieese apontou que “a taxa média de juros contratados pela Petrobrás (6,2% ao ano) não é alta se comparada à taxa Selic”. “Mesmo a partir de 2015, quando a dívida cresceu e a empresa perdeu grau de investimento, a taxa cresceu pouco e o aumento foi devido à avaliação de risco feita pelas agências de rating“.
Fonte: Brasil 247