Em mais um gesto de submissão ao governo Donald Trump (EUA), Ernesto Araújo, chanceler do governo Jair Bolsonaro, declarou nesta terça-feira (12) que o Brasil apoia o golpe de Estado em curso na Bolívia e reconhece a senadora Jeanine Añez como “presidente interina”. De forma dissimulada, Araújo declarou ser importante “o compromisso de convocar eleições” após a derrubada à margem da lei do presidente legítimo, Evo Morales, reeleito em 20 de outubro passado.
“Nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano – e queremos que isso contribua para a pacificação e a normalização do país”, declarou o ministro brasileiro em jantar com membros de delegações estrangeiras prévio à cúpula dos Brics em Brasília. Mais cedo, o Itamaraty também respaldou o golpe, ao afirmar que a permanência de Evo no poder teria ameaçado a “ordem democrática”.
Não por acaso, o posicionamento do Brasil ocorreu logo após os Estados Unidos também reconhecerem a golpista Añez como presidente interina. O subsecretário norte-americano de Estado para a América Latina, Michael Kozak, usou a primeira pessoa do plural e entregou o envolvimento direto dos Estados Uniddos no golpe – “enquanto organizamos eleições livres e justas o mais rápido possível”.
Añez se proclamou nesta terça-feira presidente interina da Bolívia em uma sessão legislativa que não contou com o quórum em nenhuma das Câmaras. Segunda vice-presidente do Senado, Añez havia se autoproclamado momentos antes presidente da Câmara Alta, por conta da ausência da titular da instituição e do primeiro vice-presidente, supostamente exilados na embaixada de México na Bolívia.
A nova e ilegítima presidenta levantou uma Bíblia em alusão aos valores cristãos e conservadores. Horas depois, o Tribunal Constitucional (TC), agora alinhado aos golpistas, também seu aval à autoproclamação de Añez.
Evo Morales, asilado no México, reagiu. Por suas redes sociais, ele denunciou “à comunidade internacional este ato de autoproclamação de uma senadora como presidenta que viola a CPE (Constituição) da Bolívia e as normas internas da Assembleia Legislativa”.
Fonte: Carta Capital