Busca pelo apoio bolsonarista é exceção nas capitais.
Com a rejeição em alta e uma série de derrotas acumuladas no primeiro turno do pleito municipal de 2020, Jair Bolsonaro passou a ser rejeitado como cabo eleitoral. Em boa parte das capitais, candidatos da direita a prefeito escondem o presidente mesmo em locais onde o apoio seria natural contra nomes de esquerda, como Porto Alegre, Vitória, Fortaleza e São Luís.
Das principais cidades, apenas no Rio de Janeiro e em Belém há o desejo de tê-lo na campanha. Nesta terça-feira (17), Bolsonaro manifestou pelas redes sociais apoio na capital do Pará a Delegado Eguchi (Patriota), que enfrenta Edmilson Rodrigues (PSOL), candidato de uma frente de esquerda. No Rio, segundo o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), o presidente garantiu que gravará novos vídeos com pedido de voto para o prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos).
Mas a busca pelo apoio bolsonarista é exceção nas principais disputas. Em Fortaleza (CE), aliados de Capitão Wagner (PROS) afirmam que o deputado não quer usar a imagem do presidente na campanha. Wagner já recebeu o apoio de Bolsonaro, mas não se apoiou nele na disputa. Seu adversário é José Sarto, candidato apoiado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT).
Em São Luís (MA), Eduardo Braide (Podemos) também não deve buscar o apoio do presidente. Ele chegou ao segundo turno à frente de Duarte Júnior (Republicanos) – 38,8% a 22,1%. Neutro até então, Flávio Dino (PCdoB), declarou apoio ao candidato do Republicanos. Mesmo com o fato de Bolsonaro ter rivalidade com o governador maranhense, não há intenção de aliados de usá-los na campanha. “O presidente não tem candidato em São Luís. Ele não vai discutir com Flávio Dino”, diz o senador Roberto Rocha (PSDB), aliado de Braide e de Bolsonaro.
Em Vitória (ES), o candidato Lorenzo Pazolini (Republicanos) quer distância do presidente. Tão logo foi confirmado na próxima etapa da disputa contra João Coser (PT), ele já demonstrou sua intenção: “Minha candidatura é independente. O candidato do Bolsonaro era outro no primeiro turno, inclusive com fotos nas redes sociais”, disse Pazolini, referindo-se ao Capitão Assumção (Patriota).
Já em Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) também quer manter Bolsonaro longe do segundo turno, embora a pauta da candidatura seja conservadora. Ele já recebeu apoios de dois adversários da direita no domingo e não tem pretensão de usar Bolsonaro para conquistar o voto antipetista e anticomunista. Sua rival no segundo turno é Manuela D’Ávila (PCdoB), que tem o apoio de PT, PDT, PSOL e Rede Sustentabilidade.
Desde o resultado das urnas, os bolsonaristas se dividiram entre negar um fracasso na eleição (ou ao menos tirá-lo do colo presidencial) e reconhecer que é preciso mudar para recuperar o bom desempenho de 2018. Para assessores que consideraram o resultado negativo, a participação do presidente no pleito sem filiação partidária impôs uma urgência: a necessidade de ele encontrar rapidamente uma legenda para organizar seu grupo político.
Fonte: O Vermelho