Vitória da esquerda no México elege primeira mulher em 200 anos desde a independência do país. Sheinbaum é aliada do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador.
Pela primeira vez em 200 anos de independência, o México terá uma mulher à frente do Palácio Nacional. Com 71,51% das urnas apuradas até 4h50 do horário local (7h50, em Brasília) desta segunda (3), Claudia Sheinbaum tinha obtido 58,54% dos votos.
“Fizemos história!”, disse Sheinbaum a uma multidão na manhã de segunda-feira na praça Zócalo, no coração da Cidade México.
A candidata apoiada pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador ficou muito à frente de Xóchitl Gálvez, candidata de raízes indígenas de centro-direita, que já reconheceu a derrota. Gálvez tinha 28,45%.
A vitória acachapante de Sheinbaum superou a porcentagem que Obrador obteve em 2018, quando recebeu 53% dos votos válidos, e serve como referência para os países da América Latina que tendem a eleger mandatários como Nayib Bukele, presidente El Salvador, diante da violência dos narcotraficantes, da desigualdade e corrupção.
Sheinbaum foi uma das fundadoras do partido Morena (Movimento de Regeneração Nacional), de Obrador, em 2011, e é cientista ecologista.Foi secretária de Meio-Ambiente da Cidade do México na época que o prefeito era Andrés Manuel López Obrador.
Depois, chegou a comandar um distrito da Cidade do México, antes de se tornar prefeita da capital do país, entre 2018 e 2023.
A nova presidente do México terá seis anos de mandato, sem direito a reeleição.
“Obrigado, obrigado, obrigado; Eu nãovou falhar com você. Vamos avançarcom o Segundo Andar da Quarta Transformação”, agradeceu Sheinbaum no X, antigo Twitter.
Desde 2018, o México está passando por um processo de mudanças denominada como a quarta transformação mexicana.
A primeira transformação foi a Independência em 1821, a segunda a Reforma (1857-1861) dos liberais contra os conservadores liderada por Benito Juárez, e a terceira a Revolução Mexicana (1910-1917) liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa contra a ditadura de Porfírio Díaz e o latifúndio.
A quarta transformação seria a mudança para uma economia nacional baseada na prosperidade geral da população, um estado de bem-estar social que implica reestruturação das instituições e práticas políticas existentes.
Obrador deixa seu mandato com uma aprovação popular de 60%, três vezes maior do que os 20% com os quais seu antecessor Enrique Peña Nieto terminou o governo.
Durante os seis anos do mandato, o salário mínimo real aumentou em 82% e os salários na manufatura 27%. Além disso, houve, indiscutivelmente, um conjunto de programas sociais que garantiam tirar 8,8 milhões de mexicanos da extrema pobreza e vários outros para fortalecer cooperativas de indígenas, projetos para jovens, universidades comunitárias nas regiões rurais, entre muitos outros.
Fonte: O Vermelho.