“É preciso retomar o papel estratégico da Petrobrás como empresa de energia”, afirmou Deyvid Bacelar, em artigo sobre o documento.
Além de ter recebido a contribuição dos sete partidos (PT, PCdoB, PSB, PV, Rede, PSol, Solidariedade), que compõem a frente Vamos juntos pelo Brasil, as diretrizes apresentadas pela pré-candidatura Lula-Alckmin nesta semana incorporaram propostas da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da categoria petroleira, que apresentou as resoluções das Plenárias Nacionais da FUP em 2021 e 2022. As bases das diretrizes constam do documento “Nova Política de Petróleo e Gás para a Reconstrução do Brasil”, da Fundação Perseu Abramo, que foi elaborado coletivamente.
“A Petrobrás voltará a ser uma empresa integrada de energia, investindo em exploração, produção, refino e distribuição, e atuando nos segmentos voltados à transição energética, como gás, fertilizantes, biocombustíveis e energias renováveis”, descreve o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, em artigo publicado no portal da Federação. Ele afirma que a retomada do papel estratégico da Petrobrás como empresa de energia, ao invés de deixá-la concentrada somente no pré-sal, é destaque das diretrizes do programa.
O documento prevê que o acionista majoritário da Petrobrás (o governo) deve propor claramente uma revisão do Plano Estratégico da companhia para o período 2023-2027, incluindo o aumento da integração vertical, voltando a operar do poço ao poste e ampliação, com maiores parcelas, das energias renováveis no portfólio dos projetos, seguindo a tendência mundial e de seus principais concorrentes.
Alta da carestia
“Em meio à conjuntura de escalada da inflação e disparada de preços de combustíveis, orientada pela equivocada política de preço de paridade de importação (PPI), o plano defende a retomada paulatina da participação do Estado na companhia, para ajudar a diluir as tensões com os acionistas privados e retomar o caráter estratégico de atuação de uma petrolífera, como a Petrobrás”, afirma o autor. O texto ressalta ainda que a estratégia empresarial da Petrobrás – que hoje prioriza o lucro e os dividendos em curto prazo – e sua relação com o setor privado devem mudar, principalmente nos segmentos nos quais a saída da estatal aumentou a fragilidade do parque produtivo nacional.
De acordo com Bacelar, o programa do próximo governo Lula propõe rever a institucionalidade do setor energético que envolve não apenas a indústria de Óleo e Gás (O&G), mas um extenso conjunto de indústrias cuja renda está atrelada a esse segmento: “Isso significa que as políticas específicas de exploração e produção, refino, gás e renováveis devem passar por transformações para lidar com inúmeros desafios como a destruição de clusters locais com a saída da Petrobrás; a desverticalização de cadeias produtivas; altas de preços de combustíveis; e a dependência de importações, entre outros”.
Fonte: O Vermelho