Convenção estadual da Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) e PSB homologou candidaturas de Fernando Haddad ao governo do Estado e Márcio França ao Senado. Saiba como foi.
A Federação Brasil da Esperança aprovou a candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo nas eleições de outubro em convenção estadual realizada na manhã deste sábado (23), em um auditório da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
A Federação do PT, PCdoB e PV também aprovou a coligação com o PSB, oficializando o ex-governador Márcio França (PSB) como candidato à vaga ao Senado na chapa majoritária. O evento ainda homologou as candidaturas proporcionais de cada partido da federação que já realizou suas convenções.
O evento também delegou à executiva estadual da Federação e demais encaminhamentos relacionados à chapa e eventuais alianças.
A vaga de vice de Haddad ainda não foi definida. O nome a ser escolhido deverá contribuir para agregar votos para além da esquerda e conquistar uma parcela mais ampla do eleitorado.
A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em junho, mostra Haddad com 34%, e o ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-prefeito de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) empatados com 13% das intenções de voto.
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Fernando Haddad foi convidado a discursar aos convencionais antecedido pelo jingle de sua pré-campanha, que empolgou e fez todos cantarem. “Eu quero Haddad aê, eu quero Lula lá. Haddad pronto para São Paulo”, diz o refrão envolvente em ritmo sertanejo.
Haddad destacou momentos da história em que seus colegas de mesa estiveram juntos, apesar das divergências. “Em 1984 estivemos nas ruas defendendo as Diretas Já. O Brasil não conseguia dar cabo de uma ditadura de 20 anos. Fomos às ruas defender a Assembleia Constituinte”, lembrou, citando Alckmin e Lula como deputados constituintes.
“A beleza da democracia é que, em 1998, quando Covas foi para o segundo turno contra um representante de direita, todos nos unimos para derrotar Maluf e eleger Covas governador, com Geraldo Alckmin como vice. Em 2000, recebemos a retribuição, quando Covas apoiou Marta prefeita”, contou.
Para ele, o Brasil está sob risco, o que torna esta eleição uma missão para cada um. “Bolsonaro não representa apenas a ditadura, mas o porão da ditadura, o pior da ditadura! Hoje o ocupante do Palácio do Planalto está lá conspirando dia e noite contra a redemocratização”.
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Para ele, ver Alckmin no time de Lula, depois de ter sido seu adversário, só o engrandece. “Geraldo percebeu o risco e se somou ao Lula. Isso tem que ter um sentimento profundo na nossa alma de militante”.
Fernando Haddad também ressaltou o gesto de Márcio França de abrir mão de disputar o governo para ser o senador de São Paulo. “A gente ouve as maiores barbaridades em Brasília e não temos voz no Senado Federal. Márcio é uma pessoa talhada para defender São Paulo”.
O professor de ciência política citou a revolução de 1932 pelo que significou de ruptura entre São Paulo e o restante do Brasil. “A comunhão de São Paulo e Brasil nunca foi tão necessária. Ao contrário de 32, São Paulo e Brasil vão se dar as mãos”, disse.
Ele concluiu levantando a bandeira nacional e dizendo que ela “não é deles, não é de um fascista”.
“Vamos à luta, porque temos uma grande causa. Esse país é muito importante para o mundo. Precisamos ter pessoas à altura do Brasil no concerto das nações”, concluiu.
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Geraldo Alckmin abriu seu discurso dizendo que “estamos juntos, porque o Brasil precisa”. Ele enfatizou a necessidade de resgatar a democracia, citando os episódios de violência política que se espalham pelo país, estimulados por Bolsonaro.
“Não é possível retrocedermos. A fome estava erradicada. Bolsonaro conseguiu tirar o Brasil do mapa do mundo e colocar o Brasil no mapa da fome”, disse, citando outras perdas de direitos sociais.
Ele destacou sua relação com, o então prefeito de São Vicente, Márcio França. Mencionou as realizações de Fernando Haddad como ministro da Educação. “O melhor ministro da educação do Brasil, dito com todas as letras”, afirmou, citando ainda sua parceria quando o petista era prefeito da capital.
“Fizemos a gratuidade do transporte para pessoas com mais de 60 anos, agora o Doria e o Rodrigo cortaram a gratuidade do idoso, mas baixaram o imposto do jatinho. Governar é escolher”.
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Ao Senado, concorrerá Márcio França, que abriu mão de disputar o Palácio dos Bandeirantes para fortalecer o voto em Haddad.
O ex-governador destacou os “gestos rebeldes” que esta campanha representa, desde a formação da Federação e a aceitação de Alckmin para disputar a vice-presidência. “A rebeldia nesse momento se chama união com divergências. Aqui é nosso ato de convencimento”.
Segundo ele, o esforço de unidade visa a garantir os votos para que o presidente Lula possa fechar a eleição no primeiro turno. “Seria uma grande resposta de rebeldia do povo ao presidente Jair, dizendo que a maioria não concorda com ele”.
Pluralidade
A mesa foi formada com dirigentes estaduais do PV-SP, do PT-SP, do PCdoB-SP e do PSB-SP. O presidente nacional do PV, José Luiz Penna também esteve ao lado do candidato a vice-presidente da República, Geraldo Alckmin e sua esposa Lu Alckmin, como também de Fernando Haddad e Stella Haddad. A deputada Leci Brandão, a dirigente do PCdoB, Nádia Campeão, o secretário LGBT+ do PT-SP, Marcelo Morais e Chico Macena, do PT, também foram convidados.
O presidente do PV-SP, Marcos Belizário, fez seu discurso criticando a política ambiental de Bolsonaro e elogiando a “decência” de Fernando Haddad. O presidente do PCdoB-SP, Rovilson Brito, disse que Bolsonaro só enxerga sua reeleição ou o golpe. “O povo não vai deixar nem uma coisa nem outra. Somos forças políticas muito diversas e plurais, com muitas diferenças, mas com o ponto em comum da defesa intransigente da democracia e dos direitos dos trabalhadores”, afirmou.
O presidente do PT-SP, Luiz Marinho, ouve na boca do povo o clamor pela volta de Lula. “Mas temos que colocar de mãos dadas Lula e Haddad, São Paulo e o Brasil”, disse, enfatizando a necessidade avançar nos legislativos. Ele também criticou a falta de pulso do governo tucano, que tem esvaziado o estado de empresas.
O presidente do PSB-SP, Jonas Donizete, disse que seu partido foi recebido “com muito gosto”, como se diz no interior paulista. Ele destacou a candidatura de França ao Senado, pela ausência de uma voz representativa do estado naquela Casa. “Precisamos de um senador para defender os interesse do povo e dos municípios de São Paulo”.
Ele também enfatizou como Geraldo Alckmin é incansável em campanha e será peça fundamental. “O presidente Lula arrumou um companheiro que permite que ele possa dormir tranquilo. A lealdade chegou aqui e parou”, prometeu, exaltando também a capacidade técnica e política de Haddad.
Fonte: O Vermelho