Centenas de cidades receberam protestos da Greve Geral da Educação, que durou 48 horas, de quarta (2) a quinta-feira (3). Convocada pelas entidades estudantis, a paralisação denunciou os cortes e retrocessos do governo Jair Bolsonaro (PSL) nas áreas de Educação, Ciência e Tecnologia. As centrais sindicais e os movimentos sociais aproveitaram os dois dias de luta e também foram às ruas, em defesa do emprego e da aposentadoria, contra a privatização de estatais como a Petrobras e os Correios.
Cartazes com críticas a Bolsonaro e ao ministro Abraham Weintraub (Educação) dominaram as manifestações lideradas por estudantes. Neste ano, o Ministério da Educação (MEC) anunciou dois cortes expressivos no orçamento – o primeiro de R$ 5,8 bilhões e o segundo, de R$ 348 milhões. Durante a semana, outros movimentos já haviam se manifestado em defesa das bolsas da Capes e do CNPQ e contra o programa Future-se, de viés privatizante.
A jornada de lutas dos estudantes e trabalhadores começou na última quarta-feira (2), com reuniões, encontros e aulas abertas em diversas universidades país afora para discutir a política do atual governo para o setor. Já nesta quinta-feira, em São Paulo, 5 mil manifestantes se reuniram na Avenida Paulista e caminharam até a Praça Roosevelt. Petroleiros e trabalhadores dos Correios também estiveram no ato, protestando contra a privatização das duas estatais.
Em Minas Gerais, o ato saiu da Praça Afonso Arinos e seguiu até a Praça Sete, no centro de Belo Horizonte. Professores, funcionários e estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cruzaram os braços durante dois dias. Em Porto Alegre (RS), mesmo com muita chuva durante toda a tarde, os manifestantes se concentraram na Esquina Democrática, tradicional ponto de protestos na capital gaúcha.
Professores e alunos de 6 campus diferentes do Instituto Federal de Brasília (IFB) ocuparam a reitoria da instituição em protesto contra o projeto Future-se. Os manifestantes alegam que marcaram uma reunião com a reitora da entidade, Luciana Massukado, mas ela não compareceu ao encontro.
Servidores e alunos da Universidade Federal de Alagoas se uniram para protestar contra os cortes na Educação. A manifestação partiu da praça Centenário, no Farol, e seguiu até o centro. O ato chegou a fechar todas as vias da Avenida Fernandes Lima. Em Rondônia, além de estudantes, professores e funcionários de instituições públicas de ensino, o Movimento Atingidos por Barragens (MAB) também esteve na manifestação. O público na capital Porto Velho protestou não apenas contra os cortes na Educação e as privatizações – mas também contra o aumento de 25% na conta de energia, promovida pela Energisa.
Em Belém do Pará, os manifestantes se reuniram a partir das 17 horas, em frente ao mercado de São Braz, para protestar contra o projeto privatista de Bolsonaro. A Petrobras – que está lista de privatizações do governo e completou 66 anos nesta quinta – foi um dos temas abordados pelos manifestantes.
Lula Livre
Curitiba teve protesto já às 7h30, quando entidades pararam a entrada das fábricas Fafen Fertilizantes e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), na região metropolitana de Curitiba. A atividade celebrou com um corte de bolo o aniversário da Petrobrás, ao mesmo tempo em que denunciou o desmonte da empresa. O ato contou com a presença de setores terceirizados, 11 sindicatos petroleiros de diferentes estados brasileiros e também trabalhadores da Transpetro.
Durante a tarde, José Maria Rangel, coordenador geral FUP, visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Do lado de fora, na Vigília Lula Livre, petroleiros fizeram um ato político em defesa do petróleo e uma roda de conversa sobre a importância da Petrobrás para o Brasil. Ao final do ato na Vigília Lula Livre, os petroleiros uniram-se ao ato em defesa da Educação, que aconteceu na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba.
Dois protestos agendados no Rio de Janeiro para o início da noite se uniram em uma só manifestação com milhares de pessoas. Os atos – convocados como parte do dia de mobilizações para reivindicar por Educação e contra a decisão do governo Bolsonaro de privatizar 17 empresas públicas – se concentraram em frente à Candelária, na região central. Cerca de 20 mil pessoas saíram em caminhada até o edifício sede da Petrobras.
Segundo o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, os protestos foram unificados porque são pautas que estão diretamente relacionadas. “Construímos a ‘Greve Geral da Educação’, nos dia 2 e 3, como mais uma denúncia e forma de resistência aos ataques que têm acontecido. No aniversário da Petrobras achamos que poderíamos conectar as lutas porque falar de Petrobras é falar de soberania”, afirmou. “Soberania e educação são pautas urgentes para o nosso país.”
Quando os manifestantes saíram em caminhada até a sede da Petrobras, puxando o ato com uma faixa que dizia “Luto pelo Brasil” estavam as deputadas federais Gleise Hoffmann (PT), Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT), bem como os ex-senadores Roberto Requião (MDB) e Lindberg Farias (PT). Antes de chegar ao edifício sede da Petrobras, os manifestantes fizeram paradas em frente às sedes da Eletrobras e da Caixa Econômica Federal, duas estatais que também estão na mira da privatização do governo Bolsonaro.
Entre as ações da greve nacional, houve manifestações nas ruas, nas escolas e universidades, assembleias estudantis, aulas públicas e panfletagens. Para as entidades estudantis, sete bandeiras de luta motivaram a Greve Geral: 1) contra os cortes na educação; 2) em defesa da Ciência e Tecnologia; 3) pelo cumprimento do pagamento das bolsas do CNPq; 4) por autonomia universitária, contra as intervenções; 5) contra o Future-se e a privatização; 6) contra a retaliação às entidades estudantis; e 7) por liberdade de expressão.
Fonte: O Vermelho