Pela primeira vez a população quilombola participou de maneira expressiva das disputas eleitorais, na maioria dos Estados em que a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) atua, cerca de 500 quilombolas se dispuseram a lutar por uma vaga tanto no executivo quanto no legislativo. O resultado preliminar aponta 57 quilombolas eleitos, sendo: 1 prefeito, 1 vice-prefeito e 55 vereadores.
Sobre os resultados alcançado: “é uma grande revolução”, avalia a coordenadora Sandra Pereira Braga, do Estado de Goiás, onde foi eleito o prefeito Vilmar Kalunga, em Cavalcante. “É muito importante para a CONAQ ter esses representantes porque reforça que nós precisamos ocupar esse espaço de poder. Esse resultado também é importante para o empoderamento do território e da comunidade e isso vai servir de modelo para todo o Brasil”, ressalta Braga.
Contudo, para o Coordenador Antônio Crioulo que acompanhou de perto a pauta das candidaturas quilombolas, realizando reuniões de mobilização com lideranças de todos os 23 Estados em que a Conaq atua, avalia os resultados como fortalecimento da pauta quilombola. “Esse resultado representa acima de tudo o reconhecimento da luta incansável dessas lideranças pelos seus territórios”, destaca Crioulo.
O trabalho continua
Segundo Crioulo a Conaq agora deve criar um grupo de trabalho com os representantes eleitos para construir planos de trabalhos alinhados com a pauta nacional quilombola. “Vamos construir com eles as pautas referentes à educação, à saúde, acesso ao território e ao fortalecimento da identidade quilombola. Acreditamos que fortalecendo esses eixos como pauta prioritária, nós estaremos fortalecendo as comunidades, mas, também lembrando de sub-eixos importantes como a questão do acesso a emprego e renda, à sustentabilidade, à agricultura, todas essas serão pautas que nós vamos construir com esse povo quilombola eleito”, explica.
Dessa forma, a Coordenadora Sandra Braga também aponta essas vitórias como oportunidade de potencializar a pauta quilombola nos espaços políticos. “Como a questão do território e da luta, tendo nesse pleito a participação de vereadores e prefeito quilombola”, ressalta.
De olho em 2022
Os resultados dessas eleições são um termômetro para a Conaq avançar na discussão em prol de candidaturas para a representação quilombola nas assembleias legislativas e no Congresso, e até para o executivo.
Por isso, “nosso objetivo quando apoiamos essas candidaturas foi possibilitar uma estrutura que dialogasse com a pauta nacional quilombola. E também pensando no futuro, pautar isso a nível de Estado, além de avaliar a maneira como a CONAQ vai atuar para garantir que tenhamos representantes a nível estadual fortalecendo a pauta do movimento”, ressalta Crioulo.
Em consonância, Sandra também aponta que esses resultados servem para nortear a mobilização da Conaq no sentido de potencializar as candidaturas quilombolas nos próximos pleitos. “Que possamos trabalhar para fortalecer e empoderar mais as candidaturas quilombolas. Que nas próximas eleições tenhamos mais e mais quilombolas por esse Brasil afora no pleito, defendendo e fazendo valer nossos direitos”, pondera.
A presença de quilombolas no legislativo e executivo assegura a visibilidade da pauta e garantia dos direitos.
Fonte: O Vermelho