Desde o início deste mês, acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Paraná já doaram 26,5 toneladas de alimentos à população mais vulnerável da região. Também foram distribuídas 300 máscaras de tecido produzidas por costureiras que moram no local.
Neste último sábado, 11, o acampamento do MST Maila Sabrina, de Ortigueira (PR) doou 14 toneladas de alimentos para quatro ocupações da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), beneficiando assim cerca de mil famílias. A comunidade também enviou 300 máscaras de tecido produzidas por costureiras que moram no local.
No mesmo dia, o assentamento Eli Vivi, de Lerrovile, Londrina, distribuiu cerca de 7,5 toneladas de alimentos a famílias da região sul da cidade.
O ato faz parte de uma série de medidas propostas pelo MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – diante da crise ainda maior alavancada pela pandemia do coronavírus. Ações de solidariedade estão sendo realizadas pelo movimento em todo o Brasil como forma de ajudar a população que já sofre os efeitos econômicos da pandemia.
Desde o início deste mês, acampamentos e assentamentos do Paraná realizaram doações de alimentos em todas as regiões do estado. Em Castro, três toneladas de alimentos foram para cinco Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Já em Ponta Grossa, duas toneladas de produtos foram destinadas ao Banco de Alimentos do Serviço de Obras Sociais (SOS), da Prefeitura Municipal.
As comunidades do Oeste do Paraná também organizaram a arrecadação de duas toneladas de alimentos para doar aos povos indígenas da etnia Guarani, moradores de reservas da região. Na região Centro do estado, cerca de duas toneladas de produtos também foram entregues a famílias urbanas.
Além da distribuição de alimentos, a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), localizada no assentamento do MST Santa Maria, em Paranacity (PR), doou 60 litros de álcool 70% para o Hospital Municipal Doutor Santiago Sagrado Begga. O produto será usado pelos profissionais de Saúde do município, em quarentena há cerca de 15 dias.
Para Roberto Baggio, da coordenação estadual do MST, o desafio após a crise do coronavírus é construir uma sociedade humanamente melhor, mais justa e igualitária, a partir da ação da própria população: “Nós não podemos esperar do governo, porque nós não temos um governo comprometido que nos ajuda, nem dos ricos, que são gananciosos e só pensam pra só. Mais do que nunca, vamos precisar pensar em nós mesmos, como um ajuda o outro, coopera com o outro para formar essa grande união e solidariedade”, conclui.
24 mil famílias no Paraná
No Paraná, existem 24 mil famílias assentadas, que moram em 369 assentamentos da reforma agrária.Sete mil famílias vivem em 70 acampamentos do MST e cerca de 25 deles enfrentam o risco do despejo.
Compromisso e medidas
Vale ressaltar que o MST toma todas as medidas preventivas à pandemia propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e cada militante tem a missão de prevenir o coronavírus. Para tanto, foram elaboradas 15 medidas de precaução e higienização, desde como escoar os alimentos até a entrega ou comercialização desses produtos. As recomendações estão no portal online Produtos da Terra Paraná e valem para as feiras, lojas, entrega em domicílio, campanhas de solidariedade, bem como para programas sociais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que chega às famílias cadastradas e às crianças.
O MST segue assim com um dos seus principais compromissos: a produção de alimentos saudáveis para o povo brasileiro, fruto da organização de cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos – um ato concreto de ajuda mútua e fortalecimento da solidariedade.
Fonte: Nocaute