Secretário geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) avalia os rumos do Brasil e do movimento sindicalista no país.
“A única alternativa para o Brasil é que o Estado seja o indutor da economia, para isso deve fomentar um programa de grandes obras”, declarou Wagner Gomes, secretário geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Confira abaixo entrevista concedida pelo sindicalista ao Portal CTB.
Portal CTB: No contexto de grave crise sanitária, econômica, social e política, que balanço você faz do ano 2020?
Wagner Gomes: A avaliação que eu faço é que o Brasil em 2020 ficou à deriva o ano inteiro. Sem política pública, todas as ações do governo são anti-povo e fazem o país retroceder 50 anos. 2020 foi um verdadeiro desastre político, social e econômico, coroado com o completo descaso em relação à pandemia.
Portal CTB: O governo não encontra respostas para saída da crise e aponta para o aprofundamento de uma política de concessões e privatizações, ressaltando que os investimentos privados salvarão a economia. Qual a sua avaliação?
Wagner Gomes: O entendimento de que a iniciativa privada pode salvar o país é uma falácia. Na verdade, a iniciativa privada sempre foi um mecanismo de enriquecimento próprio com as políticas governamentais. Quem vai ganhar com o aprofundamento de privatizações, concessões, parcerias público-privadas são as empresas, os bancos. É uma ilusão de um presidente que não apresenta as mínimas condições de governar o Brasil.
Portal CTB: Como garantir a sobrevivência do movimento sindical e a preservação dos direitos trabalhistas?
Wagner Gomes: Um dos primeiros atos do Presidente Bolsonaro quando assumiu foi a extinção do Ministério do Trabalho. Declarou, publicamente, seu ódio contra o movimento sindical. Ele tem ciência de que o movimento sindical pode opor resistência ao desastre que é o seu governo e, por isso, seu esforço em asfixiar as entidades sindicais, serviço que começou a ser executado com a Reforma Trabalhista do Governo Temer em 2017. O que nos resta, diante deste quadro, é unificar todo o movimento sindical para poder fazer frente a este governo.
Portal CTB: A pandemia agravou o drama do desemprego. É possível a geração de emprego e renda nos marcos da atual política econômica, com congelamento dos investimentos públicos e sem um plano ou projeto nacional de desenvolvimento?
Wagner Gomes: A única alternativa para o Brasil é que o Estado seja o indutor da economia, para isso deve fomentar um programa de grandes obras. Investindo o dinheiro – que hoje serve o pagamento de juros e rolagem de dívidas – em ações concretas que garantam desenvolvimento, emprego e renda. Fazendo obras e reativando a indústria nacional, somente estas ações poderão fomentar a criação de vagas de emprego. Afora isso não há caminho, o Estado tem de criar as condições econômicas favoráveis ao desenvolvimento e, para isso, tem de investir. No entanto, Bolsonaro faz a política exatamente oposta, aniquilando todas as estatais, cumprindo um teto de gastos que paralisa o país. Nesta tendência bolsonarista, o horizonte é de piora.
Portal CTB: O que fazer para superar a atual crise e deter a tendência de uberização das relações sociais de produção?
Wagner Gomes: A única saída é o fim do Governo Bolsonaro. Seja por um processo de massas, que antecipe a saída de Jair Bolsonaro ou as eleições de 2022. Temos que unir todos os progressistas, patriotas, criar uma grande frente para poder derrotar este governo. Em relação ao governo Bolsonaro não tem meio termo, a possibilidade é a saída dele o mais rapidamente possível, tendo como horizonte máximo 2022. Daí surge a nossa responsabilidade de reunir progressistas, patriotas e todos os brasileiros que defendem nosso país para derrotar Jair Bolsonaro.
Fonte: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)