Parlamentares apontam ocorrências de crimes e omissões na declaração de bens do deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Simão Pedro (PT-SP) aprovaram um requerimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando uma investigação sobre a empresa Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Os parlamentares alegam possíveis crimes de falsidade ideológica, improbidade administrativa e contra a ordem tributária e citam uma reportagem investigativa realizada em parceria pelo UOL, Agência Pública e Clip (Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística) em maio.
O requerimento apresentado pelos deputados aponta para manifestações de irregularidades envolvendo a empresa de Eduardo Bolsonaro, incluindo omissões em sua declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a investigação jornalística, o deputado omitiu a existência da empresa Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda em sua declaração.
Além disso, os parlamentares questionam o enquadramento da firma como “microempresa” e destacam que o endereço da sede do negócio de Eduardo não possui qualquer identificação da empresa. Esses fatos levantam dúvidas sobre a atuação da empresa e sua relação com outras atividades comerciais.
De acordo com reportagem da jornalista Juliana Dal Piva, do Uol, a esposa de Eduardo Bolsonaro, Heloísa Bolsonaro, foi admitida como sócia-administradora da empresa em abril de 2022, pouco depois de seu registro. Mais tarde, em março de 2023, ela alterou o objeto social da empresa para incluir “comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios” e transferiu o endereço para Caçapava (SP), onde funciona a sede das Camisetas Opressoras.
A Camisetas Opressoras, empresa associada ao mesmo endereço da Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda, ganhou notoriedade em 2018 após a família Bolsonaro passar a usar seus produtos em eventos políticos. A loja é conhecida por vender itens com mensagens golpistas e falsas, como o slogan “O Brasil foi roubado”, amplamente compartilhado nas redes sociais bolsonaristas.
Os deputados denunciantes destacam ainda a proximidade entre Eduardo Bolsonaro e as atividades comerciais da Camisetas Opressoras. O deputado republicou em suas redes sociais conteúdos da loja e chegou a divulgar a caneca “Brasil Was Stolen”. A relação entre as empresas levanta questões sobre possível conflito de interesses e utilização da imagem do parlamentar em benefício comercial.
A defesa de Eduardo Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o requerimento apresentado pelos deputados e sobre as denúncias de envolvimento de sua empresa e o uso de sua imagem pelas Camisetas Opressoras.
A PGR deverá avaliar o requerimento e decidir se abrirá ou não um procedimento de investigação para apurar os fatos relatados por parlamentares e pela reportagem jornalística. As possíveis considerações e o início do caso ainda são aguardados enquanto o cenário político se mantém em alerta diante das denúncias.
Fonte: Brasil 247