Ex-assessor do clã Bolsonaro, Fabrício Queiroz diz que o miliciano falou a ele antes de morrer que sua execução havia sido “acertada” em uma reunião no Palácio Guanabara.
O ex-policial Fabrício Queiroz disse que Daniela Magalhães da Nóbrega, irmã do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto durante uma suposta troca de tiros com policiais militares da Bahia, confundiu o Palácio do Planalto com o Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Queiroz foi assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando ele ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), além de ser amigo próximo de Jair Bolsonaro (PL) desde 1984.
Daniela foi flagrada – por meio de uma escuta policial autorizada pela Justiça – em uma conversa com uma tia em que afirma que integrantes do Palácio do Planalto haviam oferecido cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão do Bope. Os áudios foram divulgados pela Folha de S. Paulo.
“Eu recebi uma ligação do capitão Adriano no dia 24 de dezembro de 2019, onde ele me relatou que houve uma reunião dentro do Palácio do Guanabara, que ficou acertado que não era para ele ser preso e sim executado, o que aconteceu em fevereiro”, diz Queiroz em um vídeo postado por ele nas redes sociais.
“Isso foi relatado para mim pelo Adriano. Que teve uma reunião e essa reunião foi contada para ele por um amigo de turma de polícia que se encontrava dentro do palácio, um colega, deve ser coronel, major, capitão”, afirma Queiroz em um outro trecho do vídeo.
Ainda segundo ele, Daniela estava “chorando e angustiada”, e se confundiu ao contar o fato para uma tia. O áudio em que ela revela o suposto envolvimento do Planalto na morte do miliciano consta de uma escuta policial feita há dois anos com autorização da Justiça.
Em 2019, o governador do Rio era Wilson Witzel, que foi afastado do cargo após um processo de impeachment. Ele não quis comentar o caso alegando não falar sobre processos em andamento.
De acordo com os áudios divulgados pela Folha de S. Paulo, durante uma conversa com uma tia dois dias após a morte do miliciano, Daniela diz que Adriano teria ficado sabendo da existência de uma reunião “envolvendo seu nome no palácio e do desejo de que se tornasse um ‘arquivo morto’” apenas dois dias antes de sua morte.
“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, diz Daniela na gravação autorizada pela Justiça.
Fonte: Brasil 247