A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) lançou neste sábado (27) o manifesto “Salvar vidas urgentemente!”, em que denuncia a negligência do governo Jair Bolsonaro frente à pandemia de Covid-19. Conforme o documento, o Brasil precisa adotar “medidas de redução da transmissão da doença, baseadas no conhecimento científico e em experiências bem-sucedidas de outros países”. Leia a íntegra do texto.
Salvar vidas urgentemente!
Diante do agravamento da crise sanitária da Covid19, que está levando ao colapso o sistema de saúde em vários estados, a Abrasco alerta para a urgente necessidade do Brasil superar a negligência e a desorganização impostas pelo governo federal ao enfrentamento da crise e passar a tratá-la seriamente.
Desde o início da pandemia, as entidades científicas têm alertado para a importância de implementar medidas de redução da transmissão da doença, baseadas no conhecimento científico e em experiências bem-sucedidas de outros países.
O Brasil precisa adotar essas medidas urgentemente para diminuir o número de novos casos e óbitos. Entre elas, são prioritárias:
1.Ampliação imediata das medidas de restrição da circulação de pessoas, a princípio, por duas semanas para diminuir a transmissão do vírus.
2.Manutenção de todas medidas preventivas (distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos).
3.Fortalecimento da Vigilância Epidemiológica em sua dimensão multisetorial/multidisciplinar, territorial, integrada com a APS objetivando as medidas de controle: detecção precoce, investigação laboratorial, isolamento, quarentena e busca ativa de casos suspeitos e confirmados, além da instituição da vigilância genômica no país.
4. Ampliação da capacidade assistencial em todos os níveis, incluindo leitos de UTI.
5. Aceleração da vacinação para toda a população coordenada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do SUS.
6. Campanhas massivas de comunicação sobre o cenário atual da epidemia no país, formas de prevenção e a importância da vacinação.
7. Garantia do auxílio financeiro emergencial, enquanto durar o estado de emergência e sem desmonte das políticas sociais do país.
A efetividade da implementação dessas ações depende de adequada coordenação nacional. Por isto, a Abrasco recomenda fortemente a instituição de um Comitê de Salvação Nacional com a participação de representações das três esferas de governo (federal, estados e municípios) e de representações do controle social do SUS e da comunidade científica.
Desde março de 2020, a Abrasco não tem poupado esforços no sentido do contribuir com orientações técnicas (como o Plano Nacional de Enfrentamento da Covid-19). Infelizmente, o cenário que era mais temido está se tornado realidade. Não é admissível que tantas vidas sejam perdidas!
Todos os esforços devem ser feitos por parte das autoridades políticas e sanitárias para superar esta crise. A sociedade, por sua vez, precisa se unir solidariamente e exigir do Estado o cumprimento do seu dever constitucional.
Por fim, a Abrasco convoca todos para participar do ato “A maior calamidade de nossa história: o Brasil não pode se calar”, no dia 2 de março, às 15h, com transmissão pela TV Abrasco.
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2021.Fonte: O Vermelho