Ontem, mais uma vez manifestantes irresponsáveis, empunhando a bandeira do ódio e golpe na democracia, reuniram-se defronte ao Palácio do Planalto, em Brasília, e foram recepcionados pelo presidente da República.
Bolsonaro se compraz em registrar, ao vivo, pelas redes sociais, cada gesto tresloucado que comete, numa espécie de delírio doentio em que projeta a si mesmo como líder supremo de facções odiosas e radicalizadas que lhe dão apoio.
O apoiam, mas são insuficientes para sustentá-lo no poder – é que se supõe.
Essa franja fascistóide é captada nas pesquisas de opinião oscilando entre 25 e 30%.
Nas redes sociais, estudo dessa semana revela que nas redes sociais manifestações de opinião situadas ao centro e à esquerda no espectro político chegam a cerca de 70%, enquanto o bolsonarismo – alimentado em grande medida por robôs digitais – se aproximam dos 30%.
Sinal de que o vento difuso que favoreceu a eleição do ex-capital começa a fluir em sentido inverso.
Mas o fato é que Bolsonaro segue ameaçando uma ruptura institucional. Em tom de bravata ou não, é grave que tenha anunciado ontem, em viva voz, que tomaria novas iniciativas de governo e “pede a Deus” que não haja nenhum problema – referindo-se ao STF e ao Congresso Nacional – que limites seus desígnios. “Minha paciência chegou ao limite e as Forças Armadas estão comigo”, proclamou.
Pode ser um gesto de um celerado que contabiliza diariamente derrotas, vê-se como um boxeador levado às cordas e reage em desespero.
Que seja.
Mas não podemos subestimar as ameaças que pairam sobre a democracia.
O jornal O Estado de São Paulo registra em sua edição de hoje o dizer de generais ouvidos sob sigilo que rejeitam a hipótese de um compromisso das Forças Armadas com a hipótese de uma aventura golpista comandada por Bolsonaro. Tomara.
De outra parte, a pandemia avança celeremente, a despeito dos ingentes esforços de governadores e prefeitos, que pelejam carentes da solidariedade do governo federal.
Os registros de ontem à noite são de que a Covid-19 saturou o sistema de saúde nas capitais e avança para o interior. Nas duas últimas semanas, o Brasil é motivo de alerta sanitário mundial por apresentar o maior número de casos comprovados. Já somos o sexto país com mais mortes.
Iniciamos, portanto, uma semana de ameaças e tensões, plena de riscos à saúde e à democracia.
Fonte: O Vermelho