Governo Lula segue política de reindustrialização da economia brasileira com a liderança do setor siderúrgico e automobilístico, que já anunciaram R$230 bilhões em investimentos.
A indústria siderúrgica vai investir R$100 bilhões no Brasil até 2028. O anúncio foi feito nesta segunda (20), por representantes do setor em reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
O anúncio ocorre após o governo estabelecer cotas de importação para 11 tipos de produtos de aço e taxação de 25% sobre o que exceder limites. Em fevereiro, o governo tinha restaurado as tarifas de importação para cinco itens.
As medidas protetivas realizadas pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), do governo federal, foram fundamentais para que o setor siderúrgico se empenhasse em fazer um anúncio mais robusto.
As siderúrgicas nacionais tem operado com cerca de metade da capacidade instalada, tendo produzido 26,6 milhões de toneladas, diante de um potencial de produção de 51 milhões. De acordo com o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil Jefferson, no ano passado, 26% do aço consumido no país foi importado, sendo 58% vindo da China.
Durante o evento, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, afirmou que o país enfrenta um negacionismo no debate econômico.
“Não só tivemos, no Brasil, um negacionismo na saúde pública, um negacionismo ambiental, mas tem um negacionismo no debate econômico. Essa ideia de abertura comercial unilateral é ingênua e é insustentável no mundo que nós estamos vivendo”, disse.
A abertura comercial unilateral é uma forma neoliberal de abrir a economia na qual o país realiza a redução de tarifas de importação para produtos de todos os países, sem distinção.
A falácia neoliberal alega que a vantagem de diminuir tarifas unilateralmente é que a economia pode ter mais liberdade para escolher de qual país comprar um insumo ou uma máquina, por exemplo.
O negacionismo citado por Mercadante, no entanto, ignora um efeito perverso da abertura comercial unilateral: a desindustrialização e o baixo crescimento econômico.
Discurso do Presidente do BNDES, Mercadante, no anúncio de investimentos de R$ 100,3 bilhões do setor siderúrgico
Investimentos estimulados pelo ambiente econômico de neoindustrialização, volta do BNDES, e medidas como a política de cota-tarifa, garantido a concorrência leal.
— Uallace Moreira (@moreira_uallace) May 21, 2024
“Acho um equívoco grave a relação de que o Estado mínimo que vai nos levar a prosperidade. Então, explique a desindustrialização do Brasil e o crescimento espetacular que a China teve ao longo dos últimos 40 anos”, rebateu o presidente do BNDES.
Por meio das redes sociais, o presidente Lula comemorou a decisão do setor siderúrgico. “Além de lançarmos o Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] nesses 16 meses de governo, após pegarmos um país desestruturado, também recebemos o anúncio de R$ 130 bilhões do setor automobilístico e agora estamos anunciando mais R$ 100 bilhões de investimentos da indústria siderúrgica nos próximos cinco anos”, escreveu.
Mais um anúncio importante para o Brasil. O setor do aço vai investir, em 5 anos, R$ 100 bilhões para fortalecer a indústria siderúrgica, fundamental para outros setores industriais e da construção civil. Vamos gerar mais empregos e melhorar a qualidade de vida das famílias…
— Lula (@LulaOficial) May 20, 2024
Em entrevista coletiva após a reunião, o vice-presidente Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, classificou a decisão de “anúncio importante” e disse que os investimentos são consequência das políticas do governo de apoio ao setor siderúrgico.
“O resultado são R$ 100 bilhões em investimentos, melhorando a competitividade, gerando descarbonização, emprego e renda”, afirmou. Alckmin ressaltou que a imposição de cotas de importação é algo inédito na política industrial brasileira e que o governo tem aplicado outros instrumentos, como tarifas antidumping, sobretaxas para a comercialização de produtos abaixo do preço de custo, e que há dez investigações comerciais em curso.
Segundo o vice-presidente, a política de apoio ao aço ajudará a diminuir a ociosidade no setor siderúrgico. “Houve uma grande preocupação em relação à importação de aço. Nos últimos anos, teve um crescimento muito grande da importação, levando à ociosidade uma indústria de base importante”, acrescentou Alckmin. Ele ressaltou que o aço brasileiro poderá ser usado pela indústria automotiva, que nos últimos meses anunciou investimentos no país.
Fonte: O Vermelho