Líder dos sem-terra aponta que principais adversários são o capital financeiro, o Banco Central, as transnacionais e os latifúndios e que Bolsonaro é um “pateta” usado pela burguesia.
O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile disse que, neste momento, a linha política da entidade é defender o governo Lula “de seus inimigos: o capital financeiro, o Banco Central, as transnacionais, os latifúndios”. A declaração foi feita em entrevista concedida à revista CartaCapital.
Stedile salientou ainda que o MST mantém autonomia frente ao governo, mas que tem “moral para criticar” uma vez que ajudou a elegê-lo. Também disse que os sem-terra compreendem a natureza do governo, que é de frente ampla, mas que seu papel é “ser sempre zelador dos interesses do povo”.
Sobre a relação do governo com segmentos do agronegócio, Stédile apontou: “Uma parte (do setor) continua burra, não se dá conta de que esse modelo de monocultivo e agrotóxico não tem futuro. A outra apoiou Lula ainda na campanha, representada pelo ministro [Carlos] Fávaro na Agricultura. Felizmente, o agronegócio está dividido”.
Outro ponto tratado durante a entrevista foi a CPI do MST. Para ele, o objetivo da comissão é criar constrangimentos ao governo e barrar a reforma agrária. Questionado se iria prestar esclarecimento, declarou: “Eu irei depor. Não cometi nenhum crime, não tenho medo. Agora, a CPI não é contra o MST, e sim contra o governo Lula, contra a esquerda. O requerimento foi didático: eles não colocaram que a convocação seria porque apoiei as ocupações na Bahia, mas porque eu sou de esquerda. Isso é o meu orgulho, ser de esquerda”.
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Com relação a Jair Bolsonaro e seus seguidores, destacou: “Eu não gosto de usar a expressão “bolsonarismo”, porque isso induz a pensar que é uma corrente de pensamento, uma doutrina. A corrente de pensamento na política é o fascismo, é o nazismo, que eles querem esconder. A extrema-direita brasileira é fascista. Ela tem o centro da sua ação política baseada na violência, na discriminação, no ódio”.
Stédile disse, ainda, que “o Bolsonaro foi usado pela burguesia. Ele é um pateta, não tem dinheiro, não tem base social. Quem colocou ele lá foi a burguesia. Tanto é que parte da burguesia se aliou ao Lula e deixou ele a ver navios. Na sociedade brasileira, é óbvio que vai continuar – como sempre existiu – tem uma parcela que é de extrema-direita, influenciada pelas ideias fascistas”.
Por fim, apontou que a maior tarefa do governo Lula e da esquerda é “convencer os pobres trabalhadores que votaram no Bolsonaro de que eles estavam errados. Isso não se dá pela retórica. A única maneira de atrair novamente a classe trabalhadora para um projeto de desenvolvimento é fazer políticas para tirar os trabalhadores da pobreza”.
Fonte: O Vermelho