Unegro propõe ativismo de mulheres negras contra o sistema e Bolsonaro

Seminário aprovou documento que denuncia “a persistência do entrelaçamento do racismo e do sexismo na estrutura desigual das classes no país”.

A Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade) realizou, em 31 de julho, o Seminário Nacional de Mulheres da Unegro. A atividade reuniu 113 mulheres de todas as regiões do País.

 

O seminário aprovou um documento que denuncia “a persistência do entrelaçamento do racismo e do sexismo na estrutura desigual das classes no país”. Segundo a entidade, essa situação se agrava com a “condução genocida” do governo Jair Bolsonaro – um presidente “abertamente racista, machista, LGBTfóbico, fascista e ultraliberal”.

 

“Não temos dúvidas que será pelo ativismo e mobilização das mulheres negras que vamos desestabilizar este sistema racista, misógino e violento, derrubar o fascista atualmente no poder e contribuir para que a esquerda seja realmente vinculada às principais necessidades do povo. Viva as mulheres negras latino-americanas e caribenhas, viva as mulheres unegrinas! Fora Bolsonaro!!”, aponta o texto.

 

Carta do Seminário Nacional de Mulheres da Unegro

Nós mulheres da Unegro nos reunimos neste 31 de julho – Dia da Mulher Africana – no Seminário Nacional de Mulheres da Unegro para fortalecer e intensificar a luta das mulheres negras no contexto da mais grave crise sanitária, econômica, política e social dos últimos cem anos no Brasil. Denunciamos a persistência do entrelaçamento do racismo e do sexismo na estrutura desigual das classes no país, agravada com a condução genocida do Presidente abertamente racista, machista, LGBTfóbico, fascista e ultraliberal.

 

O prestígio da Unegro foi demonstrado pelo grande número de entidades parceiras da Unegro como o MNU, CTB, UBM, UNALGBT, Fórum Nacional de Mulheres Negras, CUFA, CNAB, Instituto Alziras, Movimento Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, FioCruz-Pi, PCdoB, dentre outras. A nossa capilaridade foi confirmada na participação de mais de 113 mulheres dos vários estados do país, nos dois turnos do Seminário.

A pandemia de Covid 19 sob o desgoverno fascista de Bolsonaro tem se consolidado como maior instrumento de necropolítica dos tempos contemporâneos, resultando em mais de 550 mil mortes, maioria destas mortes de mulheres negras e homens negros. É também o governo Bolsonaro o responsável pelo agravamento da pobreza, aumento do desemprego, da fome, das taxas de suicídio, violência contra as mulheres e feminicídio, da violência racista da polícia contra a população negra. Governo da morte, da destruição dos direitos, dos ataques ao povo, das queimas das florestas, do genocídio indígena e quilombola, dos ataques às Universidades e à cultura, da criminalização dos movimentos sociais, da intensificação da violência política de gênero, racial e LBTfóbica, do congelamento dos investimentos em saúde e educação, e uma prática sistemática de corrupção na gestão do Estado, vide o caso da propina de um dólar na aquisição da vacina Covaxyn.

O Seminário refletiu sobre a importância de visibilizar os impactos dessa crise aguda na vida das mulheres, a necessidade do fortalecimento da organização das mulheres negras no enfrentamento a este cenário, a urgência de ampliar a luta pelo Impeachment de Bolsonaro, além de fortalecer o debate acerca da violência política de gênero e raça. Permanecer na resistência para conquistar vacina para todas e todos, um auxílio emergencial digno de, no mínimo, 600 reais, a permanente luta em defesa da democracia diariamente atacada.

 

Refletimos ainda sobre a onda crescente de fome, desemprego, violência doméstica e feminicídio que atingem com mais intensidade as mulheres negras o que exige além de permanente mobilização da sociedade civil, pressão sobre o Estado para que assegure expansão da rede de atendimento às mulheres em situação de violência, casas-abrigo, delegacias especiais de atendimento à mulher e outros instrumentos; que garanta a partir do investimento público equipamentos de apoio à maternidade como creches municipais, restaurantes populares e lavanderias públicas e também um firme programa de inserção produtiva de mulheres negras, especialmente chefas de família e um conjunto de ações educativas e de comunicação no enfrentamento aos múltiplos estereótipos raciais e de gênero, inclusive na política.

Foi alvo de discussões o tema “Mulheres negras no poder, contra a violência política e pelo bem viver” que apresentou uma forte mensagem no sentido da urgência da aprovação de uma legislação eleitoral que contribua para a ampliação da presença das mulheres negras nos espaços de poder e enfrente o crescimento da violência política dirigida às mulheres, especialmente negras e trans. A nossa luta por Justiça para Marielle prossegue ao mesmo tempo em que exigimos mecanismos de coibição da violência política e de proteção de mulheres candidatas e mulheres parlamentares. Precisamos mergulhar na disputa da Reforma eleitoral e em 2022 queremos mais unegrinas candidatas e eleitas!

 

Não temos dúvidas que será pelo ativismo e mobilização das mulheres negras que vamos desestabilizar este sistema racista, misógino e violento, derrubar o fascista atualmente no poder e contribuir para que a esquerda seja realmente vinculada às principais necessidades do povo. Viva as mulheres negras latino-americanas e caribenhas, viva as mulheres unegrinas! Fora Bolsonaro!!

 

UNIÃO DE NEGRAS E NEGROS PELA IGUALDADE (UNEGRO)

 

Brasil, 31 de julho de 2021.

Fonte: O Vermelho