FUP e Anapetro questionam na Justiça aprovação de Caio Paes de Andrade para Presidência da Petrobras

Petroleiros e acionistas minoritários denunciaram ainda à CVM que indicado por Bolsonaro não cumpre requisitos legais para ocupar o cargo.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) decidiram entrar com ações judiciais contra a decisão do Conselho de Administração da empresa, que aprovou o nome de Caio Paes de Andrade para presidir a petrolífera. A FUP e a Anapetro denunciam a ilegalidade da escolha do indicado de Bolsonaro, que não cumpre os requisitos exigidos para ocupar o cargo.

“A aprovação de Caio Paes de Andrade para a presidência da Petrobrás é mais um puxadinho eleitoreiro de Bolsonaro. A decisão do Conselho de Administração da empresa é ilegal, pois o currículo e a experiência profissional do indicado são reconhecidamente insuficientes para gerir a maior empresa do Brasil, o que fere a Lei das Estatais”, afirmou em comunicado o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, no qual a entidade informa que irá questionar ainda, juntamente com a Anapetro, a não convocação de Assembleia Geral Extraordinária da Petrobras para tratar do assunto.

As duas entidades denunciaram nesta segunda-feira (27) também à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o xerife do mercado financeiro, a ilegalidade da decisão, pelo fato de Caio Paes de Andrade não ter no currículo a experiência necessária para exercer o cargo, que seria de no mínimo 10 anos no setor de petróleo. Formado em Comunicação Social e tendo atuado na área de tecnologia, o indicado de Bolsonaro não cumpre os requisitos de governança estabelecidos pela Lei das Estatais e o estatuto social da Petrobras.

Protestos

A decisão do Conselho de Administração da Petrobras contrariou o parecer do próprio presidente do comitê que avalia os currículos dos indicados, Francisco Petros. “O fato é que Andrade não tem notório conhecimento na área, é formado em comunicação social e sem experiência no setor de petróleo e energia”, manifestou-se a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração, Rosangela Buzanelli, em suas redes sociais. “Um ato administrativo que aprove um ato ilegal não torna ele legal. A CVM tem que averiguar isso”, afirmou também, em comunicado, o advogado Ângelo Remédio, da Advocacia Garcez, que representa os petroleiros no caso.

Logo no início do dia, Petroleiros da FUP e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) realizaram um ato em repúdio à posse de Caio Paes de Andrade. “Esse ato unificado mostra nossa indignação à nomeação de Paes de Andrade, que não tem a experiência que o cargo exige. O protesto também é contra esse governo e a privatização da Petrobrás”, afirmou Adaedson Costa, secretário geral da FNP. “Trocar o presidente da Petrobrás sem mudar a política de preços não passa de uma estratégia política e eleitoreira, porque não vai resolver o problema da alta dos combustíveis”, acrescentou.

No governo Bolsonaro, entre janeiro de 2019 e junho de 2022, o diesel nas refinarias subiu 203,%, a gasolina, 169,1% e o GLP 119,1%, segundo dados elaborados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/seção FUP), com base em levantamentos da Petrobrás. Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 21,4% no período. Já a inflação, medida pelo IPCA/IBGE, acumulou 25,7% nos mesmos meses.

Fonte: O Vermelho