Pesquisa mostra que Bolsonaro atrapalhou o combate à pandemia

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade do Michigan reúne análise de 60 pesquisadores sobre a atuação do governo na crise sanitária

O governo Bolsonaro atrapalhou o combate à pandemia no Brasil e fez de tudo para negar o conhecimento científico. Essa é a conclusão de um estudo apresentado nesta quinta-feira (22), que traz a análise de 60 pesquisadores sobre a atuação do presidente durante a crise sanitária no país, que já se aproxima de 400 mil mortes.

O estudo foi coordenado por pesquisadores da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. O estudo mostra que o governo tinha mecanismos e infraestrutura para transformar o combate à Covid-19 no país em um trabalho exemplar. Mas com a interferência de Bolsonaro no Ministério da Saúde o combate à pandemia se transformou em um fracasso mundial.

Segundo reportagem do Estadão, os resultados do estudo, apresentado em livro, revelam que “países que performaram melhor durante o período analisado seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e aliaram medidas de saúde a políticas sociais”.

“Os autores ressaltam no estudo que o Brasil era classificado como o país da América Latina mais preparado para lidar com emergências de saúde pública, segundo o sistema Global Health Security Index. Também contava com um sistema de vigilância em saúde bem desenvolvido e tinha um bom histórico com epidemia porque respondeu com às emergências da Aids, da hepatite C e da influenza (H1N1)”, afirma a reportagem.

‘Poderíamos ser um exemplo’

“Não podemos voltar no tempo e rever a história, mas, se o presidente tivesse escolhido outros caminhos, o Brasil poderia ter apresentado um desempenho muito melhor. Poderíamos ser um exemplo”, diz Elize Massard, professora da FGV e uma das autoras do estudo, ao Estadão.

A reportagem sobre o fracasso se Bolsonaro no combate à pandemia também destaca que a pesquisa mostra a forma com que o governo usou todos os poderes constitucionais para fazer valer a sua agenda, minimizar a pandemia e boicotar ações de estados. O estudo lembra que o presidente iniciou, em abril do ano passado, uma “campanha agressiva” em apoio ao uso da cloroquina, remédio ineficaz para a covid.

Essa posição acabou derrubando dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e colocando o general Eduardo Pazuello no cargo. O texto aponta que Pazuello trocou técnicos por militares em cargos gerenciais importantes no Ministério da Saúde, “decisão duramente criticada pela comunidade da saúde pública”.

Fonte: O Vermelho