Rejeição a Bolsonaro chega a 54% e volta a bater recorde, diz pesquisa

Desaprovação é maior nas regiões Nordeste e Sudeste, entre pessoas com renda superior a cinco salários mínimos e entre brasileiros de 30 e 39 anos.

Não foi só a comunidade internacional que aproveitou Cúpula do Clima para criticar o governo Jair Bolsonaro. Na semana em que o País passou vexame em novo evento com líderes mundiais, o presidente brasileiro vê sua popularidade derreter também internamente. Conforme a nova pesquisa Exame/Ideia, divulgada nesta sexta-feira (23), 54% rejeitam a maneira como Bolsonaro lida hoje com seu trabalho como presidente. Apenas 25% aprovam a gestão, enquanto 20% nem aprovam nem desaprovam.

É o pior desempenho de Bolsonaro desde sua posse no Planalto. A avaliação do governo só esteve tão ruim assim em junho de 2020, no auge da primeira onda da pandemia no País. Agora, com a segunda onda em curso, mais de 380 mil vítimas de Covid-19 contabilizadas, desemprego elevado e auxílio emergencial insuficiente, a desaprovação a Bolsonaro voltou a bater recorde.

De acordo com os recortes da pesquisa, a rejeição ao governo é maior no Nordeste (60%), entre pessoas com renda superior a cinco salários mínimos (60%), no Sudeste (58%) e entre brasileiros de 30 e 39 anos (57%).

Para Maurício Moura, fundador do instituto de pesquisa Ideia, três fatores justificam a alta na reprovação ao governo. “O primeiro é a sensação de que a o ritmo de vacinação ainda não decolou. Segundo, a gente teve semanas com recordes em relação ao número de mortos em decorrência da Covid-19, e isso atrapalha a avaliação presidencial. Por último, a população não percebeu até agora um efeito positivo da nova rodada do auxílio emergencial.”

Analisando os dados por classe econômica, a rejeição ao governo do presidente se destaca entre os mais pobres. Para aqueles que pertencem às classes D e E, 55% não concordam com a maneira como Bolsonaro trabalha. É justamente esta parcela a mais impactada pelo auxílio emergencial. Na semana passada, começou a liberação de uma nova rodada, cujo valor-base é menos da metade da parcela paga em 2020.

O ritmo da vacinação contra a Covid-19 é outro ponto que rebaixa a avaliação de Bolsonaro. Na quarta-feira (21), o Ministério da Saúde revisou as projeções de imunizar o grupo prioritário, composto por 77 milhões de pessoas. No plano inicial, a meta era concluir a aplicação em maio. Agora, passou para setembro. Até quinta-feira (22), apenas 13,20% da população brasileira já recebeu ao menos a primeira dose da vacina contra a covid-19.

Outro fato negativo na avaliação de Bolsonaro é a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada no Senado para apurar possível omissão do governo federal que tenha agravado o quadro da pandemia de covid-19 no país. O recorde na desaprovação também reflete nas pessoas que acham que Bolsonaro deveria ser reeleito. Entre os entrevistados, 50% consideram que ele não merece continuar como presidente do Brasil, ante 39% que dariam a ele mais quatro anos no comando do país.

A aprovação ao presidente continua a sobressair na região Norte (51%) e entre os evangélicos (41%). “Temos percebido em toda a série histórica que o grupo dos evangélicos é a fortaleza do presidente Bolsonaro, com forte avaliação positiva. Certamente é um grupo essencial para sua reeleição”, analisa Maurício Moura. “Por outro lado, Bolsonaro está com alta desaprovação no Sudeste, que chega a 58%. É uma região muito significativa porque (a região) concentra grande parte do eleitorado.”

Em outra sondagem feita por Exame/Ideia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno, caso as eleições fossem hoje. Lula tem 40% das intenções de voto, e o atual presidente, 38%. Apesar de estar dentro da margem de erro, é a primeira vez que Lula aparece numericamente na liderança.

A pesquisa Exame/Ideia ouviu 1.200 pessoas, de 19 a 22 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Com informações da Exame.com

Fonte: O Vermelho