Rejeição a Bolsonaro dispara com fim do auxílio, desemprego e pandemia

Percentual de desaprovação ao governo é semelhante ao do início da pandemia, em abril de 2020.

O ano de 2021 mal começou, mas já impôs um revés ao presidente Jair Bolsonaro. Com o fim do auxílio emergencial e o aumento do desemprego, além do avanço da pandemia de Covid-19, disparou de 35% para 40% a parcela da população que considera o governo “ruim ou péssimo. É o que aponta a nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta segunda-feira (18).

Conforme o levantamento, o percentual de rejeição é semelhante ao do início da pandemia, em abril de 2020. Na outra ponta, os que veem a gestão como ótima ou boa passaram de 38% para 32%. Outros 26% julgam a atual gestão como regular, ao passo que 2% preferiram não responder.

É a primeira vez, desde julho de 2020, em que a avaliação negativa do governo supera a positiva. Além de fatores econômicos, o movimento coincide com a piora na percepção da atuação de Bolsonaro no combate ao coronavírus. São 52% os que a consideram ruim ou péssima, quatro pontos a mais que em dezembro. Já os que avaliam a gestão da crise positivamente somam 23% – oscilação negativa de três pontos percentuais.

Também está em alta, desde outubro, a trajetória dos que dizem estar com um pouco ou muito medo do coronavírus – já são 77% dos entrevistados. De outubro para cá, subiu de 30% para 56% o percentual dos que acreditam que o pior da pandemia ainda está por vir. Em contrapartida, 36% dizem que o pior já passou.

Em relação ao auxílio emergencial – que, até dezembro, beneficiou mais de 70 milhões de desempregados, trabalhadores informais e beneficiários de programas sociais –, 50% defendem que o governo recrie um benefício semelhante por mais alguns meses. Outros 20% defendem a ampliação do Bolsa Família, enquanto 25% dizem que nenhuma das duas coisas deveriam ser feitas.

Porém, apenas 27% dizem acreditar que o governo estenderá o auxílio, ante 47% que acreditam que o governo não patrocinará uma nova rodada do pagamento. A correlação entre o fim do auxílio e a tendência negativa para a aprovação de Bolsonaro deve ser ainda mais significativa nos próximos meses, quando não houver mais parcelas a serem pagas.

Um dos cruzamentos da pesquisa mostra que 13% avaliam o governo positivamente e acreditam que deveria haver uma prorrogação no benefício ou ampliação do Bolsa Família. Na visão dos analistas, isso significa que 13 pontos percentuais dos 32% de aprovação de Bolsonaro estão sob maior risco de eventual frustração – e, portanto, mudança de percepção sobre a atual administração.

A pesquisa foi realizada no período de 11 a 14 de janeiro – portanto, capturou parcialmente os impactos do colapso do sistema de saúde no Amazonas, com a falta de oxigênio para pacientes nas unidades médicas. Foram ouvidos mil eleitores de todas as regiões do Brasil, por meio de entrevistas telefônicas. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fonte: O Vermelho