SECRETÁRIO DA CULTURA DE BOLSONARO DEFENDE IDEAIS NAZISTAS PARA BRASIL

Vídeo em que Roberto Alvim copia trechos de discurso do ministro da Propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, sobre as artes provocou onda de indignação e repúdio nas redes sociais.

Um vídeo em que o secretário da Cultura, Roberto Alvim, copia trechos de discurso do ministro da Propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, sobre as artes provocou uma onda de indignação e repúdio nas redes sociais na madrugada desta sexta-feira (17). O vídeo foi postado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro para divulgar o Prêmio Nacional das Artes, lançado horas antes em live com a participação do próprio presidente.

A proximidade entre os discursos de Alvim e Goebbels está não apenas no sentido e na diretriz – mas nas próprias frases e palavras. Além dos trechos do pronunciamento, a estética do vídeo, a aparência do secretário, o vocabulário, o tom de voz e a trilha sonora escolhida também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse o ministro de cultura e comunicação de Hitler em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro Goebbels – A Biography, de Peter Longerich.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.

A fala de Alvim levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada e fez com que centenas de internautas repudiassem a referência nazista e postassem comparações com a propaganda de Hitler. Uma das referências no vídeo é a música de fundo, que veio da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.

O pronunciamento de Alvim foi gravado em uma sala que tem o retrato do presidente Jair Bolsonaro ao fundo, a bandeira brasileira de um lado e uma cruz do outro. Ele começa citando um pedido do presidente: que a cultura não destrua – mas, sim, salve – a juventude brasileira. “A cultura é a base da pátria. Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. E é por isso que queremos uma cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza de nossos mitos fundantes”, disse o secretário.

Segundo ele, o Prêmio Nacional das Artes vai gerar milhares de empregos, capacitação profissional e formação de público. “Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras. De relevância imensurável. E sua implementação e perpetuação ao longo dos próximos anos irá redefinir a qualidade da produção cultural em nosso país”, completou. Em sete categorias, o prêmio vai selecionar cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs musicais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.

Dramaturgo, Alvim ganhou a simpatia de Bolsonaro ao defender o presidente nas redes sociais e ao atacar a atriz Fernanda Montenegro, dizendo sentir “desprezo” por ela.

Na Secretaria Especial da Cultura, coleciona polêmicas, como a nomeação do jornalista e militante de extrema-direita Sérgio Nascimento de Camargo para a presidente da Fundação Palmares. A nomeação foi suspensa após uma grande mobilização contra afirmações racistas de Camargo.

Nesta semana, Alvim, visivelmente incomodado, ironizou a indicação de Democracia em Vertigem na categoria de melhor documentário longa-metragem do Oscar. Segundo ele, a produção deveria estar na categoria ficção. Dirigido pela cineasta Petra Costa, o filme acompanha o golpe contra Dilma Rousseff a partir de uma visão particular da diretora.

Fonte: O Vermelho